Já ouvi dizer que o mundo é redondo. Seja lá o que for, acredito que ele tem portas. Portas que não se abrem, emperram e deixam passar apenas um pouco de luz frente aos olhos daqueles que não conseguem ser vistos. Mundo, não-lugar escroto que às vezes cheira a perfume enquanto exalam-se carniças. Clichê demais! Também já ouvi dizer que o mundo tem um dono de rosto estendido em uma vala, na beira de uma rua de nome esquisito. A questão é que o dono do mundo não encontrou espaço em um onde que deveria ser seu. Foi escorraçado , cuspido, só não expulso porque são tantas voltas que o mundo dá, que os homens que perseguiam o tal dono em muitas tardes e noites se perdiam, desistindo, momentaneamente, de capturá-lo. O dono do mundo vaga por mim, entre tu, sob nós, por um você. Poucos ousam cruzar-lhe os olhares, um pouco de nada já lhe é muito. O dono do mundo, conhecedor de quase tudo, constrange, fere. Estampa na cara de quem o persegue ou foge de si, desviando o caminho, o calafrio de sentir na pele o peso de suas próprias injúrias.
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